Essa semana eu finalmente consegui assistir esse filme que está tão falado por ai: Tropa de Elite. Me recordo de polêmica parecida no lançamento do filme Cidade de Deus.
O filme é muito bom, roteiro bem construído, fotografia de boa qualidade e a maioria dos atores trabalhando muito bem. Uma característica interessante desse filme é a falta de cenas de nudez – durante muito tempo o cinema nacional se caracterizou por conter apenas isso.
O que me deixou intrigado foi a tamanha polêmica que esse filme gerou.
A primeira delas é que é o primeiro caso brasiliano de vazamento de um filme pela internet antes de chegar as salas de cinema. Algumas semanas antes do lançamento oficial o filme já estava na boca do povo e disponível nas bancas de dvds piratas das esquinas. O cineasta e a produtora não devem ter gostado nem um pouco disso, mas estamos em uma nova era em que os meios de distribuição e consumo de mídia deve ser repensados.
Só um parênteses eu não sou a favor da cópia de conteúdo e violação dos direitos autorais, mas em um país que um ingresso de cinema da para comprar quase 10 litros de leite, alguma coisa não está perfeitamente adequada com a nossa realidade, fica claro que a população vai sempre buscar o lado com menor custo para se divertir e acompanhar os filmes de sucesso. Como disse anteriormente, os meios de distribuição e consumo de mídia deve ser repensados, e é claro que os custos disso devem entrar nessa discussão.
A segunda e talvez real polêmica do Tropa de Elite é o comportamento das PMs e do BOPE.
Que existe corrupção dentro das PMs é um fato, afinal todas as instituições organizadas estão sujeitas a casos de corrupção e isso vai de igrejas até mesmo síndico de prédio. O que parece incomodar é quando alguma coisa chega para as massas e coloca essa situação de forma tão explicita, é claro que se eu fizesse parte desse grupo não ia ficar contente, como não gostei quando o caso Marcos Valério/ Duda Mendonça colocou em xeque todos nós publicitários – ainda respiramos fuligem desse incêndio.
A outra polêmica é a violência que os soldados do BOPE são treinados, combatem o crime e cumprem suas missões. Agressivo demais para pessoas normais, mas não acredito que houve muito exagero nessa descrição. Temos que lembrar que essas pessoas vão cumprir missões de extrema dificuldade e violência e não vão ser seguranças de shopping. É chocante ver as cenas de violência, em certa parte sim, mas não acho que um batalhão mais brando sobreviveria ao tipo de missão que eles cumprem. Não quero usar o clichê de “Bandido bom é bandido morto”, mas em muitos casos acho que falta um pouco mais de energia nas operações policiais, principalmente quando enfrentam o tráfico e crime organizado.
Acho que quem ficou preocupado mesmo são os traficantes e bandidos, imagina se vira moda, a polícia sendo mais dura de verdade com a bandidagem, retribuindo a mesma altura a violência que toda a população está recebendo.
Você também pode considerar que é uma obra ficcional, onde existe interferência dos roteiristas e escritores do filme. Você pode ir ao cinema e ver mais um filme de tiros, violência e pensar que é apenas mais um produto para a diversão e entretenimento e que tudo não passa de exagero e ficção.
Em todos os casos o filme é bom e vale a pena ser visto, no cinema de preferência onde o som e a qualidade de imagem é muito boa.